segunda-feira, 2 de abril de 2012

Saindo do ninho

É triste perder o chão que nos sustenta. Não, o sentimento não é de tristeza, espera.

É assustador e encorajador perder o chão que nos sustenta. Agora sim.

Mas, às vezes é necessário. Para poder voar...

Para poder aprender a voar.

Aprender a voar parece difícil, dá medo, assusta. Mas, é necessário.

Graças à Deus, tenho uma família que me apoia e me encoraja sempre. 

Mas, dessa vez fui desafiada. 

O empurrão que faltava na minha vida, foi dado pelo meu pai.

Papai: "Anna vem cá. Percebi que de uns tempos pra cá, tú tem mudado. Está assumindo tuas verdadeiras responsabilidades, já tá quase se formando, tem contribuído pra pagar as contas de casa sem eu pedir nada, acho que tú deveria começar a pensar em ter tuas próprias coisas."

Eu: "Do que tú tá falando homi?" - É, eu falo assim com o meu velho -

Papai: "Eu já vou fazer 60 anos e acho que tú devia começar a pensar em construir o teu futuro. Já vai se formar, agora precisa ter uma casa, um carro."

Eu: "Mas pai, eu já falei, não quero carro. Prefiro que tú me dê o intercâmbio."

Papai: "Tá, isso eu sei. Mas, e a casa, já tá na hora. Eu sempre falei que as coisas dessa casa eram tuas e são. Por isso, te pergunto: Tú quer morar sozinha aqui?" 

Eu: "De certa forma, já moro sozinha há alguns anos mas, tú só pagava as contas e comprava as coisas aqui pra casa mas, não dormia aqui. O que vai mudar, se eu aceitar morar sozinha?"

Papai: "Terá que pagar o aluguel da casa, as contas e fazer super-mercado".

Eu: -Engulo seco - " Não sei, tenho que ver se o que ganho dá pra pagar isso tudo."

Papai: "Vamos fazer assim, eu pago a metade do aluguel. E se tú me ajudar com as entregas de madrugada, te dou uma mesada, como se fosse um pagamento pelo serviço, quer?"

Eu: - Pensando, pensando e pensando - " Tá bom." 

Papai: "Que bom, agora cada filho meu tem sua própria casa e estão tomando o próprio rumo". 

Sabe, eu sou uma pessoa feliz porque tenho duas pernas e braços funcionando perfeitamente bem, tenho duas casas, a minha e a da mãe pra poder me refugiar quando precisar, se eu sentir fome posso ir até a geladeira e comer o que eu quiser. Tenho um notebook bom, tenho meus livros, tenho o meu filho Binho, estou quase me formando em Psicologia. Tenho pessoas para me fazerem companhia, tenho lembranças, tenho histórias de amor pra contar, tenho...

O amor nao sei se tenho mais ...

Nao sei se falta algo, mas está sobrando esperança e coragem ...

Tenho algo me esperando em algum lugar.

E uma tatuagem que ainda vou fazer, músicas pra ouvir, livros pra ler, paixões e lugares pra conhecer.

E o mais novo lugar a conhecer será: FORTALEZA. Conhecerei em Junho a terrinha do avô querido.

E quer saber de uma coisa: Se é pra voar, que seja bem alto, com o vento bagunçando os cabelos, deixando a gravidade agir e causando o friozinho na barriga. 




[ Ouvindo: Los Hermanos - O vento ]  

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