quinta-feira, 15 de março de 2012

Satisfação

Eis me aqui em mais um dia de atendimento.

Momento esse que deixo de lado meus problemas, aflições, preocupações, tristezas, as perdas, dúvidas pra dar lugar à empatia e assim poder ajudar outras pessoas a resolverem seus problemas, aflições, preocupações, tristezas e dúvidas.

É tão prazeroso ver e saber que posso contribuir para a melhora psíquica destas pessoas. 

Hoje começo a ver sementes florindo. Anos de estudos e dedicação apareceram para espantar o medo e a insegurança de clinicar. 

 
Enfim, enquanto me decido e espanto os medos, vou atendendo uns pacientes aqui.


[Ouvindo: Nada]


Outro adeus !!!!!

Sem batimentos cardíacos.

Simples assim.

Me conformando com isso também.

:'(



[Ouvindo: Os berros do coração]

segunda-feira, 12 de março de 2012

Foi o tempo

Eu não tenho como pagar o que me cobra, não possuo estrutura sequer para te indicar onde encontrar a solução.

E não foram os problemas morais que nos afastaram, foi o tempo. Acho que ele determinou o fim.

Eu não encontro mais formas de te levar comigo, não posso te jogar em um pedaço de madeira com rodas e simplesmente te empurrar.

Eu já não encontro forças, acho que perdi isso na sétima ou oitava briga comigo mesma e quando cantei todas as músicas tristes. 




[Ouvindo: Taylor Swift - Safe & Sound ]

O vazio deixa hematomas

As vezes bate um vazio. Mentira. Na verdade o vazio que bate em mim.
E não há nenhuma técnica marcial que me faça revidar, não com a tamanha força que ele me atacou.
E então, eu lembro de tudo.

Porque sou apenas uma pseudo desmemoriada que finge esquecer coisas.Só pra não sofrer descaradamente na frente de algumas pessoas.

.

[Ouvindo: Los Hermanos - Fez-se Mar]

sábado, 10 de março de 2012

Não vejo nada

Você sabe que todas as pessoas possuem defeitos, ou pelo menos as que você se envolveu sempre tinham algum pra te aporrinhar.

Era o jeito ridículo de pentear o cabelo, os excessos de gírias, ou a total falta delas deixando o ambiente com um grande peso formal. Era o perfume muito doce ou a personalidade amarga demais. Os pais que te odiavam, ou aqueles que gostavam muito de você. 

Então você para, olha, analisa, por que sim você ainda não perdeu essa mania horrorosa de analisar. E pela única vez, em uma única pessoa*, você não vê nada.

E são inúmeros os momentos em que você deseja por tanto, pede tanto, que quando não há nada, não vê nada, você acha estranho, nem pensa em agradecer. Então, obrigada.


Nunca imaginei que fosse ficar assim por uma inexistência. Por que isso sempre foi tão, mas tão sinônimo de dor que parece até meio sem sentido isso.

Uma inexistência assim é pra comemorar. É quando você se dá conta do que ficou pra trás, ou do que se livrou. É um choque de realidade, um chacoalhão da vida, com direito a tapa na cara e ainda um "Acorda, porra".

É, é de rir, rir mesmo, e sem essa história de rir pra não chorar.

Eam. Estou/SOU Feliz !!!



 [Ouvindo: Foo Fighters - Walk  ]



*eu em frente ao espelho.

sexta-feira, 9 de março de 2012

*


Dedico as próximas seqüências de “mini textos escrotos” apenas a mim, por ter suportado certas situações e por ter engolido muitos sapos. Não admiro esse adjetivo entre aspas, na verdade não gosto dele nem um pouco, e é por isso que se encaixa tão bem aqui, por que é precisamente isso que sinto pelo que escrevi.

Sabe quando você fica com ódio, mas tanto, que uma veia abaixo do seu olho estoura e então parece realmente que você está chorando sangue? É nesse momento que você descobre que não poderia deixar algumas situações passar em branco.

Sabe quando você chora muito e já não sabe diferenciar o que é lágrima de catarro e saliva? É nesse período que você precisa se mover, não metaforicamente ou de modo abstrato, “mova sua mente minha filha”, “evolua menina". Não, aprendizados assim servem perfeitamente apenas para burros e isso seguramente eu nunca fui.

Quando uma mãe pede para o filho resoluções ou pelo menos justificativas por tê-lo criado mal, soa como uma piada-pergunta desesperada das mais sem graças. Por que ele recebe na boca o certificado de animal, enrolado, amarrado em uma fitinha azul, como se fosse um diploma, “cachorro pessimamente domesticado.”

Mas o meu medo real é o de não poder frear, não com o ódio, por que eu não me importaria caso ele decidisse me acompanhar pelo resto da vida. O meu medo nasce das besteiras, não daquelas pequenas, balinhas e chicletes. Tenho receio de não poder parar entre os intervalos do trabalho, ir em casa por exemplo para cochilar.

Eu necessito de pausas para não correr de mim, se os passos são longos e rápidos eu logo piso no cadarço e beijo o chão. Sempre tive pavor de lamber o asfalto, não pelo gosto, esse sabor conheço bem, e muitas vezes fingi para mim mesma que estava sentada, na mesa de algum restaurante, sorridente, comendo sushis, mas a língua na verdade tocava o piche, se enroscava nas pequenas pedrinhas e eu tossia poeira, não da vermelha, a do meu cigarro que não sabe parar apagado. Sim.

Eu finjo também que penso, quando na verdade eu bem mais que desejo, a sustentabilidade das palavras, não me refiro a estruturas espirituais, de ética ou moral. Preciso que cada palavra que escrevo se transforme em roupa, comida, o recibo do meu pagamento do aluguel de fim de mês.

Se quase todos que dormem com as letras, as engolem, mastigam até o que seria impossível ali consumir, sempre encontram a idéia genial, por que diabos eu também não posso tê-la?

Se for esforço que me falta, eu corro então mais ainda, por que preciso sobreviver das loucuras que planejo, preciso colocá-las todas no papel e faturar alguma coisa disso. Preciso escrever algo que me alimente e não essa mistura, ração que cessa sua fome, te torna mais forte.

Preciso escrever não para me encontrar, sou sedentária demais para dar prosseguimento a essas caminhadas, ainda mais em círculos, atrás do meu próprio rabo, e o cão aqui não sou eu.



Que eu enfrente quem tiver que enfrentar . . .
.

[Ouvindo: Florence and The Machine - Dog days are over]

Gotas de limão para os olhos


 


Escrevo páginas diárias pensando o que você acharia, imagino você dizendo ‘mas que genial’, só passo a folha. Mentalizar não mata ninguém, só corrói por dentro, pelos lados até emagrecer de tantas noites de insônia. Preocupação, saudade, arrependimento, todos os problemas agora são insônia. Tenho dó, dela, da doença. Assim como às vezes tenho de mim e de você, nos mutilando internamente por aí. Por dentro, pelos lados até fingir esquecer. Não há o que esperar, não existe data, apenas ponto de partida, não de chegada, o que diríamos de despedidas, o percurso não existe e a gente fica nesse buraco, meio que encurralado enquanto a água vai subindo e os peixes nos beliscando. De pedacinho em pedacinho vamos sofrendo, sentindo cada ferida que eles criam, abrem novamente e comem mais uma vez. E eles vão se reproduzindo. Comendo-nos de boca cheia feito miolo fofinho de pão. Nós não nos comemos nunca. Só em pensamento, telepatia não é nada sexual, não mostra o quanto se pode arranhar até os poros saltarem e surgirem algumas gotinhas de sangue pra no dia seguinte a gente olhar, lembrar e sorrir. Não tenho marcas suas no meu corpo, nunca tive você em mim, não tenho você em nenhum lugar. Só dentro do aquário que é minha cabeça. Água salgada, cheia de tubarões que você foge e nem sabe nadar. Mergulha tanto que na sua boca já tem o meu gosto, desgosto esse que é se afogar. Pela literatura te construo e consumo, frases e metáforas que nos inflam já que não se sabe definir o quão é amor. Admiração? Você admira quem aguenta distante. Você não imagina noites seguidas com Fernando Pessoa, Caio Fernando Abreu ou Florbela, não os beijando, sentindo tudo o que da pra ver e pegar, ou pelo menos supor. Você não espera ligações de literatos, você simplesmente não os espera bater na sua porta, eles já morreram, você continua ali, mesmo que distante. São listas demais de reprodução compostas por poucas músicas, repetindo sempre os mesmos sonhos e poesias reescritas com palavras diferentes, porém com o mesmo significado. Limões e suas gotas, ou litros nas pálpebras do coração, espero que elas comecem logo a arder e eu seja obrigada a fechar os olhos. Sangue já tem por tanta parte ali. Será que vai parecer esquisito derreter sua imagem e fazer vitamina pra eu não desmaiar, me deixar em pé, pelo menos mais alguns meses enquanto ainda consigo dormir sem você? Quando é só amor e sexo envolvido é mais fácil, mas literatura te deixa mal em momentos em que não deveria ficar. Lembra de trechos da sua vida como se fosse poesia simbolista. Tem todo um pessimismo realista a mais que enquanto você vai atravessando avenidas te da tapinhas por trás, alguns fortes chegando a te jogar em frente a carros em movimento. Não se sabe quantas chances a si mesmo ainda serão dadas, inventa círculos que te prendem na cidade, não deixa chegar perto de aviões, passagens em promoção. ‘Ta caro, dessa vez não da’. A não realização você suporta como se fossem cafunés, apesar de que agora parecem mais ganchos, não durmo por medo desse aço frio entrar de uma só vez no meu cérebro e o congelar feito excesso de sorvete. Coração é quente, mas não aquece o corpo, muito menos revive almas inteiras. Almas realmente morrem ou apenas vão? Não faço sentido com nada meu, meio confuso, mas é bem assim mesmo, não me encaixo nos meus próprios pedaços.

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[Ouvindo: Agridoce - Dançando]